Despedidas eram normais, assim como encontros e reencontros. Todos os dias alguém chegava, partia, voltava. Era a rotina da casa. A despedida de Redwood, no entanto, foi sofrida, longa, e dupla.
Sem receber dinheiro de casa, as velhas (e únicas) botas se desmanchando, o grandão decidiu estar na hora de reiniciar a sua vida na Califórnia. Comprou a passagem para dali a uma semana, e nos dias que restavam no seu amado Equador passava boa parte do dia parado na frente da janela da sala, os olhos esquadrinhando a paisagem do vale de tantos tons de verde. Falava muito, também. Queria nos convencer a visitá-lo na comunidade onde voltaria a viver, perto de San Francisco. Descrevia a cidade, a geografia da região, as florestas de abetos e pinheiros que cobriam as montanhas até a costa recortada por baías. “Aquilo é lindo demais, vocês têm que conhecer. Pena que fica nos Estados Unidos”.
Na partida, longos abraços, boas vibrações, o último baseado. A vizinha do andar debaixo e dona da casa trouxe um prato de pipoca. Redwood era um cara legal, sentiríamos a sua falta. No final da tarde, surpresa: lá estava ele, subindo a escada. Aos gritos, justificou: não conseguiu embarcar no avião. Ainda estava incerto entre ficar ou partir.
Mais alguns dias de crise, horas e horas parado na frente da janela, baforadas e mais baforadas de maconha colombiana e ele finalmente criou forças para uma nova despedida.
Bye, bye, Redwood.
Adiós, Maderaroja.
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