domingo, 12 de dezembro de 2010

VIAGEM ATÉ A FRONTEIRA

O visto venceu, o fumo acabou. Estava na hora de ir até a fronteira com a Colômbia para carimbar o passaporte e abastecer a casa – a maconha equatoriana era rara e de má qualidade. A cidade mais próxima para isso é Tulcán, a 135 quilômetros de distância, gêmea da colombiana Ipiales. Pegamos uma carona num domingo de manhã até a vizinha Ibarra, mas lá ficamos por mais de duas horas na estrada esperando alguém que nos levasse para o norte. Desanimados e com fome, voltamos para a praça central pensando em desistir, pois nos disseram que aos domingos o tráfego até a fronteira é escasso. Não tínhamos dinheiro para ir de ônibus nem para comer.

Sentamos num banco e o Dedeco se lembrou que ainda nos restava um ácido da nossa última viagem, com os americanos. Partiu em três partes, tomamos e eu comecei a tocar violão e cantarolar baixinho. Aos poucos fomos rodeados pelo pessoal que passava na praça ou estava ali se aquecendo ao sol. Passei a cantar para eles, o Pedro abriu a caixa do violão para receber as contribuições e, depois de algumas músicas, fez a apresentação do artista brasileño em turnê pela América Latina. Surpresos, vimos choverem moedas e notas. Mais algumas músicas, outro discurso e mais uma chuva de dinheiro. Podíamos ter ficado toda a tarde alí, mas o ônibus saía para Tulcán em meia hora. Encerrei o show, agradeci sob aplausos e fomos para um bar para comer e contar a ''féria'' do dia: era suficiente para comprar as passagens e sobrava o suficiente para o resto da viagem. Embarcamos, felizes. O LSD havia mudado a nossa sorte.



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