sábado, 11 de dezembro de 2010

MACARRÃO À SUECA E BOLO DE MACONHA

Os suecos de Pasto nos receberam bem, mas me impressionou a frieza deles - era a primeira vez que convivia com pessoas daquela região. São seis, quatro homens e duas mulheres, moram numa casa grande, de dois pisos, e, nas nossas primeiras conversas, deram a entender que desenvolvem na região um trabalho político, para um partido de esquerda, comunista. Nas horas e horas de papos com eles, não consegui saber ao certo a que grupo pertenciam e o que, exatamente, faziam ali. Com o meu saco de dormir, não precisava de cama nem de quarto – fiquei num corredor, e apesar do frio, pois Pasto fica nas montanhas, a 2.500 m de altitude, deu para pegar no sono. No dia seguinte, saímos para a luta – estávamos sem dinheiro, e precisamos ganhar algum pelo menos para um café da manhã, pois não havíamos jantado. Cantei, cantei, cantei, e nada de pingarem moedas ou notas na caixa do violão. Mudamos de praça, cantei mais e mais, e nada. Mudamos de bairro e nada. As pessoas passavam, ouviam e seguiam em frente. Passei o dia cantando, e as moedas que me deram não davam para pagar um prato de comida.

No fim da tarde, voltamos derrotados para a casa dos suecos - como são brancos, limpos e frios os nórdicos. Lá pelas tantas da noite começou algum movimento na cozinha. Pelo jeito iríamos, finalmente, ter um café/almoço/janta. Faminto como estava, cada segundo para a comida chegar à mesa valia por uma hora. Fui conferir: tinha macarrão na panela, e Birgitta, uma loira (claro) de olhos azuis(claro), baixinha para os padrões de seu país, picava cebola e alho poró.

Sem nada para fazer enquanto esperava o rango, peguei o violão e comecei a cantarolar uma música dos Beatles (Here Comes the Sun) com a letra adaptada às circunstâncias: here comes the food, here comes the food...

O macarrão à Birgitta é uma delícia, e facílímo de preparar. Ela cozinha a massa (fusili) e depois coloca, crus, cebola, alho poró e atum em lata. Espera alguns minutos para a os ingredientes interagirem e serve.

Dormi de barriga cheia, graças à Birgitta.

Na noite seguinte, ela revelou outro talento culinário: o bolo de chocolate à Maria Juana. Alguns amigos da casa apareceram para provar o bolo, preparado com algumas morrugas da boa maconha colombiana. Fomos avisados para não exagerar, pois o efeito é potencializado no cozimento. Realmente, um pedaço foi suficiente para nos deixar completamente chapados, atirados na sala, ouvindo Pink Floyd, Janis Joplin, Cat Stevens (me lembro de Mornin' has broken) e outros ídolos da nossa geração. Um dos guris repetiu e dose, e depois comeu outro pedaço. De madrugada, com taquicardia, foi levado ao hospital.


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