Apesar de ser muito cedo – nem seis horas da manhã – a pequena sala de embarque lotou logo que o nosso vôo foi chamado. Duas coisas me chamaram a atenção nos passageiros embarcados na capital do Amazonas: quase todos eram mulheres, e levavam muitas caixas e sacolas com aparelhos eletrodomésticos.
Fui dos primeiros a entrar o avião. Me acomodei num banco da frente e assisti, entre divertido e espantado, a invasão de uma horda de senhoras e senhoritas, disputando espaço nos bagageiros e corredores para colocar a tralha, de tevês a ventiladores. Não demorei a conseguir a explicação: eram esposas, filhas e parentes de militares que iam até Manaus para comprar aparelhos na Zona Franca. Como as importações eram fortemente taxadas, quando não proibidas, elas conseguiam um bom dinheiro revendendo os badulaques, pois viajavam de graça nos aviões do CAN, sempre lotados no trecho Manaus-Brasilia-Rio.
O velho DC6 agüentou bem a longa viagem até Brasília, mas logo depois de parar no terminal da aeronáutica fomos avisados de que haveria uma parada por causa de problemas técnicos. Cansado e faminto (não havia serviço de bordo, lembram?), esperei três horas até a chamada para o reinício do vôo. Um dos pilotos disse que o motor consertado em Quito havia sido trocado. Não pifou na viagem por um milagre.
Nova decolagem, e no fim da tarde pousávamos no Rio.
Foi um vôo para me vacinar, definitivamente, contra o medo de viajar de avião.
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