Contribuição do Dodo, o então estudante de medicina e hoje médico Lourival Gonçalves, parceiro musical daquela viagem e grande amigo até hoje:
"Duas músicas me evocam a passagem por Oruro. Uma delas é um tipo de hino da cidade, e a parte que me lembro era assim: "Cuando yo me vaya lejos de Oruro, cuando yo me vaya lejos de Oruro, morenada cantaré, morenada ai si, morenada bailaré, con todito corazón...". A outra tem uma pequena e saborosa história. Quando nos despedíamos do local, estacionamento, onde estivéramos por vários dias para conserto do ônibus, uma jovem de 15 anos, filha do dono e que se tornara uma espécie de fã daquele grupo de viajantes músicos, pediu a cada um que deixássemos gravada uma música no seu gravador Philips, ( uma caixinha preta muito conhecida na época). Quando chegou a minha vez eu convidei o Alemão Clóvis para tocarmos Greenleaves to a ground, uma canção renascentista muito em voga nos anos 60 e 70. Eu na flauta doce e o Clóvis no violão, já estávamos bem afiados de tanto tocá-la. Assim, eu disse: " Clóvis , vamos tocar a "nossa" música."
Em La Paz nos dividiríamos, e nos encontramos em Lima, Peru, uns dois meses depois. O Paulinho me diz:
- Dodo, sabe que em Macchu Picchu havia um cara, um francês tocando aquela sua música? (e cantarolou o Greenleaves ) e continuou:
- Aí eu disse que aquela música era de um amigo .
Eu, claro, tive que perguntar "E o que o sujeito disse?"
-Nada, só ficou me olhando, acho que não acreditou .
O Paulinho me colocou simplesmente como parceiro do rei Henrique Oitavo, o autor dos lyrics. "
Nota do editor: assim como as diabladas, as morenadas eram músicas típicas de Oruro, cantadas e dançadas no carnaval e também durante o resto do ano.
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