A melhor carona para viagens curtas é na caçamba de uma camionete – desde que não esteja chovendo, e a estrada seja asfaltada. A paisagem está à toda volta, e não é preciso(nem possível) falar com os motoristas, muitas vezes chatos e até inconvenientes. É só embarcar, desembarcar, agradecer e tchau. E dá até para fumar um baseado - Dedeco desenvolveu a técnica de fechar cigarros perfeitos apesar do vento e dos solavancos...
Também viajamos em carrocerias de caminhões. A melhor delas foi sobre uma carga de folhas. Viajamos deitados, olhando para as nuvens, depois de fumar um enorme charuto.
A bordo de camionetes subimos novamente a cordilheira dos Andes, de Guaiaquil até Quito, e nos meses seguintes nos deslocamos por este país que nos conquistou pela beleza de seus cenários – litoral, montanhas, vulcões e selva – e pela hospitalidade de seu povo.
De carona em carona, o Equador foi se revelando. No início, as enormes plantações de banana, um dos principais produtos de exportação do país. Depois, as encostas das montanhas, cultivadas em quadrados coloridos, e, sempre subindo, os vulcões, com picos coberto de neve. Conversávamos pouco, extasiados com a paisagem. Ao meio dia já estávamos em Santo Domingo de los Colorados, perto da capital – não ficamos parados mais do que alguns minutos para alguém aceitar nosso pedido de carona – quando a camionete parou e o casal que nos levava disse que faria uma pausa para almoçar e nos convidou a entrar com eles no restaurante. Fazia muito tempo que não tínhamos um almoço decente, mas agradecemos.
- Vamos ficar por aqui mesmo, esperando – eu disse, com evidente cara de fome.
O casal insistiu, deixando claro que pagaria a conta. Aceitamos um tanto desconfiados, mas o almoço foi saboroso e agradável. Conversamos bastante sobre nós e nossos países, e depois seguimos viagem, felizes. Foi a primeira de tantas demonstrações de cordialidade dos equatorianos. Chegamos a Quito relaxados e confiantes. Já não tínhamos pressa em deixar o país.
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