No domingo de tarde, Pablo vem nos convidar para participar de uma festa na casa dele, a uma quadra da nossa. Seria grosseria não aceitar o convite – apesar de sermos, para os índios da vizinhança, um bando de gringos loucos, éramos tratados com cortesia. Até nos ensinaram a tecer, num tear instalado junto à mesa da sala de onde saíam faixas tecidas em lã. Ensinaram como tingem a lã e preparam os fios para serem transformados em ponchos, técnica herdada dos antepassados.
Nós o seguimos até um prédio grande, cercado de muros, onde vivem várias famílias. A festa havia começado de manhã, e os homens estavam bêbados. Aceitamos os copinhos de cachaça anizada que nos ofereceram e ficamos bebericando, em pé, mas um de nossos anfitriões ordenou: bebam. Bebemos um gole. Ele repetiu: bebam, tudo, e engolimos a dose num gole só. Encheram os copinhos e novamente a ordem para bebermos. Bebemos. Incontáveis copinhos depois, estávamos borrachos como eles. Me lembro de ter cantado, dançado, dado gargalhadas de piadas em quíchua que eu não compreendia.
Passei dias me recuperando da ressaca. Foi o maior porre do mundo.
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