domingo, 12 de dezembro de 2010

FIM DE FÉRIAS OU... EU ACREDITO EM MAGIA

Nada pior do que esperar carona numa estrada deserta, num final de tarde, ameaçando chover. Mas nosso dinheiro havia acabado, e não havia mais nada para fazer em Baños, onde ninguém estava interessado em pagar, nem que fosse alguns centavos, para ouvir música brasileira. A primeira carona que apareceu para voltarmos a Otavalo nos deixou a apenas 30 quilômetros da cidade, no meio do nada. Estávamos há horas implorando para que alguém que nos tirasse dali, mas à medida que anoitecia o movimento diminuía. Os primeiros pingos de chuva começaram a cair. Estávamos desesperados: como passar a noite na chuva, sem uma casa ou povoado por perto?
Nisso, uma picape tripulada por três rapazes com chapéus de caubói parou. Estavam indo na direção de Quito, sim. Subimos na caçamba, aliviados. Poucos minutos depois, o que estava na janela do carona estendeu a mão para trás e, mesmo com o carro em movimento, nos passou um enorme baseado aceso. Ufa! Que alívio! Mais alguns quilômetros e ... outro baseado.

Já havia anoitecido quando a caminhonete parou. Desembarcamos e nos apresentamos. Eles disseram que eram peões de uma fazenda próxima, que os patrões estavam fora, e depois de alguns minutos de conversa nos convidaram para passar a noite lá. No dia seguinte nos trariam de volta para seguirmos viagem.

A casa da fazenda era grande e bem cuidada, e ao entrarmos sentimos um delicioso cheirinho de comida caseira. Comemos, bebemos, fumamos, conversamos, rimos, eu cantei e fomos dormir felizes. No dia seguinte nos acordaram cedo. Tomamos um bom café e os rapazes cumpriram a promessa de nos deixar na estrada. Fumamos um último baseado e nos abraçamos como velhos amigos.

Quem viaja precisa acreditar em magia...

Nenhum comentário:

Postar um comentário