domingo, 12 de dezembro de 2010

CHUVA AMAZÔNICA



Litoral, cordilheira. Faltava conhecer o Equador amazônico. Estávamos a algumas horas de ônibus da floresta, e embarcamos. Não havia mais assentos vagos, mas o cobrador disse que poderíamos sobre a capota, junto com as malas. Só recomendou cuidado com alguns túneis. ''Se abaixem bem, para não bater a cabeça'', disse.

A visão era total. Céu e montanhas, precipícios de arrepiar, a estrada sempre ladeando o rio que descia. À medida que descíamos, as árvores ficavam mais altas e a temperatura subia. A cada túnel nós nos deitávamos entre as malas, tudo ficava escuro, para em seguida clarear.

Curva após curva, a paisagem mudou completamente. Agora as copas das árvores estavam na altura (ou acima) dos nossos olhos. Víamos flores, pássaros e até macacos pulando nos galhos, assustados com a passagem do ônibus. De repente, um avião surgiu ao nosso lado, perdeu altura e sumiu entre as árvores. Não demorou muito para sabermos que ele havia aterrissado numa pista em plena selva, construída por uma empresa de exploração de petróleo que tinha uma base operacional perto dalí.

Foi nela a primeira parada do ônibus, e alí ficou claro por que ele estava lotado: um grupo de prostitutas desembarcou para passar o fim de semana no acampamento e alegrar as centenas de trabalhadores ansiosos por algumas horas de prazer depois de uma semana de trabalho duro. Conseguimos lugares para sentar, e em boa hora, pois começou a chover forte. Descemos no lugarejo seguinte, abaixo de chuva. Durante toda a noite não parou de chover, e nem no dia seguinte. Nosso primeiro contato com a selva amazônica acabou sendo apenas ver e ouvir a chuva forte batendo sem parar nos telhados dos prédios de madeira.


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