domingo, 12 de dezembro de 2010

HELLO, GOOD BYE

Minha primeira impressão do Equador foi de que iríamos atravessar o país rapidamente. Completamente desconhecido de mim e da maioria dos brasileiros, em parte por não ter fronteira com o Brasil, ele é pequeno, pouco maior que o estado do Rio Grande do Sul. Achei Guaiaquil (maior cidade do país, hoje com quase 2 milhões de habitantes), onde passei o primeiro dia em solo equatoriano, uma cidade suja, feia, insegura, apesar de só ter conhecido a zona próxima ao porto, e todos os portos são semelhantes em sujeira, prostituição e gente mal-intencionada em busca de otários.
Depois de uma noite praticamente em claro, tudo que queríamos era uma cama dormir. Andamos de hoteleco em hoteleco, mas nosso dinheiro não dava para pagar a diária, nem mesmo naqueles com prostitutas na porta oferecendo seus serviços por meia dúzia de sucres (a moeda equatoriana, aprendemos logo, era o sucre). Estávamos quase conformados a passar a noite numa praça quando o Dedeco voltou de uma inspeção com um vasto sorriso no rosto: havia um, alí perto, à altura das nossas possibilidades. Pagamos adiantado na portaria sem conferir o que nos esperava. Não queríamos nada além de uma boa noite de sono.
Subimos as escadas atrás de uma velha senhora, que nos levou até o nosso “quarto”: um cubículo formado por divisórias de no máximo dois metros de altura, onde mal cabiam os três colchonetes onde nos acomodamos. Era um andar inteiro subdividido em cubículos, onde os hóspedes eram amontoados. Ainda era cedo quando chegamos – recém anoitecia – e o “hotel” ainda estava vazio e silencioso. Mas logo começaram a chegar os nossos vizinhos – casais falando alto, famílias com crianças chorando, grupos de rapazes. O local não demorou a lotar, e eram dezenas (ou centenas) de pessoas misturando suas vozes, odores e, pouco ao pouco, roncos.
Exaustos, acabamos dormindo. Foi uma boa noite de sono.

Nenhum comentário:

Postar um comentário