sábado, 11 de dezembro de 2010

CASA, COMIDA E ROUPA LAVADA

A lancheria era limpinha, e aproveitei para ir ao banheiro. Quando voltei, o Pedro conversava com uma menina castanha clara, meio baixinha e gordinha, que com alguma boa vontade poderia ser considerada ''bonitinha''. Eles tomavam cafezinho e pareciam velhos amigos. Ela se chamava Laura, e estava deslumbrada por conhecer dois hippies legitimos. Estudante de letras, sonhava pegar a estrada e conhecer o mundo como a gente, de pueblo em pueblo, de carona. Papo vai, papo vem, contamos que estávamos sem grana, que nesta selva de pedra as pessoas eram completamente indiferentes a um artista de rua, que pretendíamos seguir viagem para os Estados Unidos.

Laura nos convidou para ficar em sua casa enquanto estivéssemos em Bogotá. Tinha um quarto vago, e comida não era problema. Ela parecia meio louquinha, mas casa e comida era tudo que queríamos no momento, até arranjar um jeito de sair da cidade e do país. Fomos de ônibus até o bairro de classe média onde ela morava com a mãe e um irmão. De um dia para outro, nosso status mudou. Conhecemos a cidade com Laura, e fizemos turismo. Fomos a uma tourada (do tipo português, em que o touro não é morto), ao planetário, ao cerro de Montserrat, de onde se vê quase toda cidade, e conhecemos a Catedral de Sal, uma antiga mina de sal nos arredores da cidade transformada em templo religioso. Meio (ou muito) a contragosto, Pedro fez o papel de namorado da nossa anfitriã.

Além de turismo, também acompanhávamos Laura em algumas de suas atividades diárias. Numa delas – uma aula de inglês no Instituto Cultural Colombiano-Norteamericano, ela nos apresentou Adela, uma amiga. Alta, falsa magra, morena clara de olhos verdes, cabelos lisos compridos, a amiga era realmente linda. Ali mesmo, no bar do Cultural (onde os alunos falavam inglês), começamos a namorar. Foi uma estranha atração mútua. Já saímos dali abraçados e não nos desgrudamos mais, enquanto estivemos em Bogotá.



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